Minutos depois de declamar os versos, parte da vida, dedicados ao Senhor General Vítor Manuel Mota de Mesquita, jantar de homenagem pela promoção, com a presença do Senhor General C.E.M.E. Mário Firmino Miguel e altas patentes Generais, na mesa de honra, Oficiais Superiores, Oficiais, alguns Sargentos e alguns Civis Militarizados, ouvi um comentário, nada agradável, do Sr. Coronel Rocha SAM, da Póvoa de Varzim de que estava e ler uma coisa que não tinha sido eu a fazê-la.

 

Passados dias, 28 de Janeiro de 1989, enviei-lhe a resposta, versando o que queria:

 

"Os homens não se medem

Aos palmos”, no mundo inteiro,

Aqui vai o que me pedem,

Sendo este verso o primeiro.

 

Cada um sabe o que vale,

Não precisa de dizer,

Também gosta que se fale

Do seu querer e saber.

 

Isto é um velho ditado,

Que em tudo está certo,

Tenho de ser atrasado,

Não podendo ser esperto.

 

Difícil foi o momento,

Para poder demonstrar,

Já que sou um Sargento,

Poucos são a acreditar.

 

Também é criatividade

Tudo aquilo que escrevo,

Não preciso de falsidade,

Nem a isso me atrevo.

 

Por livros não aprendi

Intuição e persistência,

P’los anos que já vivi

Muita foi a resistência.

 

O versar e inventar

São dons que Deus me deu,

Querendo assim demonstrar

Aquilo que é muito meu.


Tudo aquilo que deixei,

Na Cidade de Luanda,

Fazia de mim um Rei,

Se não houvesse a demanda.

 

Quem espera sempre alcança,

Lá diz o velho ditado,

Fica sempre na lembrança,

Amarguras do passado.

 

Se nada tens, nada vales,

Que coisa tão acertada,

Remédio de muitos males,

Para quem não quer ser nada.

 

Nem só de pão vive o homem

E de dinheiro também,

Poucos valem o que comem

E respeito de alguém.

 

A minha vida versada

Era o meu maior tesouro,

Mas devido à retirada

Fica o trabalho dum “Mouro”.

 

Obrigado a decorar

As quadras de que gostei,

Hoje me posso orgulhar

Daquilo que lá deixei.

 

Património incalculável,

Difícil de avaliar,

Por descuido lamentável,

Jamais posso relembrar.

 

Diversas formas de vida

E costumes daquele Povo,

Foi pista por mim seguida,

Quando p’ra lá fui novo.

 

Dezoito anos de idade

Quando a Luanda cheguei,

Começa a realidade,

Duma vida que versei.

 

Largos anos foram versados

Englobando tudo um pouco,

Ingloriamente apagados,

Naquele período louco.



Messe de Sargentos do Porto, 28 de Janeiro de 1989

Respeitosos cumprimentos do autor

 

Vitorino Joaquim da Silva Moreira Fernandes

 

1º Sargento do SAM, Reserva Activa